FICA TUDO DO MESMO JEITO
Blog Carlos Damião ; 14/12/2008
Leitor pergunta se os governos não têm como fiscalizar as ocupações em encostas e morros. Claro que têm. Mas poucos governos têm preocupação declarada com essa questão, porque não lhes convém enfrentar problemas sociais. As ocupações irregulares, sabemos, são problemas sociais que se agravam a cada dia. Muitos brasileiros abandonam o campo e querem viver nas cidades, próximos de tudo (principalmente do consumismo), menos dos empregos (a falta de qualificação impede a maioria deles de disputar as boas vagas). Vivem na ilusão, acabam marginalizados, uma parte deles se volta para o crime. O tráfico de drogas é uma tentação para essa gente, porque o dinheiro entra fácil e não é necessária a qualificação. Quem não cai no crime se vira do jeito que pode, esmolando ou vivendo de bicos.
As ocupações irregulares são toleradas pelos poderosos de plantão - que respaldam as invasões com a ligação de energia, água e telefone - porque todos os invasores são eleitores em potencial. E isso explica muita coisa, inclusive a expressiva votação obtida pelo atual prefeito de Florianópolis nas comunidades periféricas - favelas e bairros populares surgidos nos últimos anos.
No Vale do Itajaí a situação não é muito diferente. Comunidades inteiras se afastaram da beira do rio Itajaí-Açu para fugir das enchentes. Buscaram pontos mais altos para construir novas casas, em geral sem assistência técnica, à vontade, inclusive com estímulo do poder público. Por isso tivemos 90% das mortes da catástrofe associadas a deslizamentos, avalanches e desmoronamentos.
Mas os governantes farão alguma coisa daqui para frente? Duvido. E escrevo de novo: duvido. O voto fala mais alto do que a responsabilidade social, ambiental e urbana.
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