quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Muitos culpados

Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 27/11/2008

É claro que choveu muito e, com as mudanças climáticas, alguns fenômenos da natureza (chuvas, ventos, secas) serão cada vez mais intensos e ocorrerâo em menores intervalos de tempo. Isso requer das nossas autoridades, uma série de responsabilidades para evitar desastres cada vez maiores. É preciso acabar com o desmatamento, proteger as fontes de água, reflorestar áreas devastadas, diminuir as formas de poluição da atmosfera, investir em energias limpas, renováveis e com menor impacto ambiental, estimular o uso de transporte público e, sobretudo, ter um Plano Diretor adequado para ocupação do solo, impedindo a instalação de residências em áreas de risco e, para aquelas já existentes em morros, instalar sistemas adequados de contenção das montanhas.

É o que pediu, também, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, o ilhéu Sérgio Murillo de Andrade. "Neste momento, o mais importante é socorrer e apoiar as vítimas do desastre. Mas é preciso também apurar as reais responsabilidades e questionar as autoridades sobre o que poderiam, ou melhor, deveriam ter feito para evitar ou minimizar as conseqüências. Como cidadãos e, especialmente jornalistas, temos a obrigação de questionar"- diz ele - "e não aceitar que a culpa seja exclusivamente atribuída à natureza".

Fim da tragédia, início da roubalheira

Blog “A política como ela é” ; 26/11/2008

Situações extremas funcionam como um espelho e revelam a natureza, o barro de que é feito um povo.

A tragédia de água e lama mostrou, de novo, a ingenuidade, a insegurança e a solidariedade dos catarinenses.

Mas este é um lado da moeda. Do outro, há aqueles que vêem na dor e no medo uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil.

A União anunciou R$ 1,029 bi para a reconstrução de estradas federais, estaduais, portos e ações de emergência. O Estado, apesar de não ter anunciado valores, terá de investir milhões, assim como os municípios, as empresas e as pessoas.

Não será surpresa se, feitas as contas, somados todos os prejuízos, a reconstrução custar o Orçamento de um ano do Estado, algo em torno de R$ 10 bilhões.
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Se em circunstâncias normais, com tomada de preço, licitação, pregão eletrônico, o dinheiro escorre pelos ralos da corrupção, como será em situação emergencial, quando a lei prevê compra direta, contratação dirigida, etc?

O que surpreende e demonstra o quanto somos ingênuos e tolos, é a inexistência de qualquer mecanismo da sociedade civil para acompanhar a gastança desses bilhões pelos poderes públicos federal, estadual e municipais.
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Ah, dirão vocês, o catarinense não é assim, essa imagem é falsa, o espelho está embaçado. Não, absolutamente não.

A imagem real dos catarinas, sem maquiagem, está estampada nos diários oficiais do Tribunal de Contas e do Ministério Público Estadual.

Vejam o exemplo de Monte Castelo, um município contíguo à BR-116. O Promotor de Justiça da Comarca instaurou vários inquéritos civis para apurar responsabilidade dos homens públicos do município:

- Apurar irregularidades do prefeito de Monte Castelo, exercício 1999/2000, em especial a emissão de cheques sem provisão de fundos;

- Apurar recebimento de verbas salariais, supostamente indevidas, por parte de servidores do município de Monte Castelo, bem como o pagamento concomitante de subsídio de secretário com o próprio de vice-prefeito;

- Apurar irregularidades na aplicação de verbas destinadas à construção de casas populares;

- Apurar o desaparecimento de canos fornecidos pela Casan no município;

- Apurar a contratação de pessoal em caráter temporário e emergencial;

- Apurar o desaparecimento de veículo doado à Prefeitura Municipal pelo DNIT;

- Apurar irregularidades no serviço prestado por empresas à Prefeitura de Monte Castelo;

- Apurar irregularidade na aquisição de veículo ônibus pela Prefeitura da empresa Fausto Colpo;

- Apurar o exercício de advogados [procuradores municipais] na defesa particular de agentes públicos processados por atos de improbidade administrativa;

- Apurar o pagamento irregular (valor diverso do condenado) pelo município a servidor público;

- Apurar a ocorrência de nepotismo no Executivo e no Legislativo do município.
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Este é o retrato do homem público catarinense. Quem destoa dessa imagem é um tolo, ingênuo, e só por milagre ganha eleição.

Este é o perfil dos escolhidos por nosotros e que vão gastar bilhões para reconstruir o Leste barriga-verde.

Se vigiados agem assim, imagine sem qualquer controle da entidades organizadas da socidade civil. Nem Jesus salva.

sábado, 22 de novembro de 2008

Polêmica

Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 23.11.2008

No rastro da Operação Moeda Verde, um prédio comercial de oito andares novo em folha, inclusive com garagem subterrânea, edificado em área residencial numa das regiões mais valorizadas de Florianópolis, poderá vir a ser demolido por ordem judicial e é a mais nova polêmica entre urbanistas e empresários do ramo. Está localizado em terreno de pouco mais de 200 metros quadrados na movimentada Avenida Othon Gama D'Éça. Dura lex, sed lex. A lei é rigorosa mas é lei.

sábado, 15 de novembro de 2008

Intrigante

Diário Catarinense ; Renê Müller ; 15/11/2008

Uma pergunta que vem intrigando muita gente que circula nos bastidores da prefeitura de Florianópolis: como o governo do Estado contratou uma empresa, por R$ 12 milhões, para produzir o projeto do novo Centro Administrativo, que terá duas torres de 12 andares, no mesmo terreno da atual sede, na SC-401, se a mudança do zoneamento ainda não foi aprovada pela Câmara de Vereadores e a comunidade sequer foi ouvida?