Fim da tragédia, início da roubalheira
Blog “A política como ela é” ; 26/11/2008
Situações extremas funcionam como um espelho e revelam a natureza, o barro de que é feito um povo.
A tragédia de água e lama mostrou, de novo, a ingenuidade, a insegurança e a solidariedade dos catarinenses.
Mas este é um lado da moeda. Do outro, há aqueles que vêem na dor e no medo uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil.
A União anunciou R$ 1,029 bi para a reconstrução de estradas federais, estaduais, portos e ações de emergência. O Estado, apesar de não ter anunciado valores, terá de investir milhões, assim como os municípios, as empresas e as pessoas.
Não será surpresa se, feitas as contas, somados todos os prejuízos, a reconstrução custar o Orçamento de um ano do Estado, algo em torno de R$ 10 bilhões.
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Se em circunstâncias normais, com tomada de preço, licitação, pregão eletrônico, o dinheiro escorre pelos ralos da corrupção, como será em situação emergencial, quando a lei prevê compra direta, contratação dirigida, etc?
O que surpreende e demonstra o quanto somos ingênuos e tolos, é a inexistência de qualquer mecanismo da sociedade civil para acompanhar a gastança desses bilhões pelos poderes públicos federal, estadual e municipais.
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Ah, dirão vocês, o catarinense não é assim, essa imagem é falsa, o espelho está embaçado. Não, absolutamente não.
A imagem real dos catarinas, sem maquiagem, está estampada nos diários oficiais do Tribunal de Contas e do Ministério Público Estadual.
Vejam o exemplo de Monte Castelo, um município contíguo à BR-116. O Promotor de Justiça da Comarca instaurou vários inquéritos civis para apurar responsabilidade dos homens públicos do município:
- Apurar irregularidades do prefeito de Monte Castelo, exercício 1999/2000, em especial a emissão de cheques sem provisão de fundos;
- Apurar recebimento de verbas salariais, supostamente indevidas, por parte de servidores do município de Monte Castelo, bem como o pagamento concomitante de subsídio de secretário com o próprio de vice-prefeito;
- Apurar irregularidades na aplicação de verbas destinadas à construção de casas populares;
- Apurar o desaparecimento de canos fornecidos pela Casan no município;
- Apurar a contratação de pessoal em caráter temporário e emergencial;
- Apurar o desaparecimento de veículo doado à Prefeitura Municipal pelo DNIT;
- Apurar irregularidades no serviço prestado por empresas à Prefeitura de Monte Castelo;
- Apurar irregularidade na aquisição de veículo ônibus pela Prefeitura da empresa Fausto Colpo;
- Apurar o exercício de advogados [procuradores municipais] na defesa particular de agentes públicos processados por atos de improbidade administrativa;
- Apurar o pagamento irregular (valor diverso do condenado) pelo município a servidor público;
- Apurar a ocorrência de nepotismo no Executivo e no Legislativo do município.
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Este é o retrato do homem público catarinense. Quem destoa dessa imagem é um tolo, ingênuo, e só por milagre ganha eleição.
Este é o perfil dos escolhidos por nosotros e que vão gastar bilhões para reconstruir o Leste barriga-verde.
Se vigiados agem assim, imagine sem qualquer controle da entidades organizadas da socidade civil. Nem Jesus salva.